Conciliar a vida de comprometido com a de baladeiro hoje não é mais um bicho de sete cabeças, com o tempo consegui aprimorar a arte de elaborar álibis convincentes para facilitar as escapadas noturnas, aprendi também a ser mais cauteloso com os rastros da balada (mensagens de celular, ligações, e-mail, orkut, fotos de site, vestígios no carro, vestígios no cartão do banco...), e o mais importante, apesar de estar fazendo algo politicamente incorreto tento ao máximo ser discreto para não expor a minha companheira a uma situação embaraçosa perante amigos e familiares. 

Essa relação entre noivo e “meio solteiro” acaba gerando momentos de crise e grande reflexão como o que me ocorreu a poucos minutos antes de escrever este texto. É complexo pensar que você gosta ou ama uma pessoa, compartilha seus dias, suas alegrias e seus sonhos com ela mas tem com sigo que equivalente a esta felicidade existe outra totalmente incompatível, que se encontra na rua mas que ao mesmo tempo se completam e sem estas o sujeito não consegue viver.
Temos aqui uma relação bomba, o limite entre o amor e o ódio é muito estreito, posso exemplificar isto tomando o caso em que o rapaz e sua companheira vivem bem, fazem planos para o futuro, projetam uma família, vivem um sonho até que o rapaz vê algo que o tira desse transe de conto de fadas (criado e inseminado na sua cabeça pela sua companheira é claro!), e o trás de volta para a realidade, que ele é um homem com um grande futuro, que livre ele pode se locomover pelos quatro cantos do mundo, interagir com diversas pessoas, conhecer lugares novos, aproveitar oportunidades de negócios, conquistar o mundo, ser um nômade se assim ele quiser.
Posto isso vemos que o homem não é só razão mas também é sentimento, poderia ser egoísta e buscar tudo que esse mundo proporciona só que ao ver aqueles olhinhos brilhando ao ver o seu companheiro, os braços abertos e aquele sorriso, não têm como não ceder, dá raiva mas cedemos e entramos novamente no ciclo do “amor”.
Não sei o que a vida vai me reservar, se vou me casar com esta moça, ter casa, filhos, carnês das casas Bahia, o macarrão de domingo com toda família ou se terei coragem para dar um basta e desbravar este mundo, o certo é que enquanto essa confirmação não vem irei continuar conciliando “noivo x solteiro”, equilibrando-me entre o amor e o ódio e extraindo o máximo do que as noites de sexta podem oferecer.
Grande abraço aos guerreiros, lembrando que hoje é sexta, o grande dia da caçada, boa balada e boa sorte a todos.